sexta-feira, 11 de julho de 2008

Os clones estão entre nós. Estamos preparados?

Os cientistas começaram a fazer clones de animais no final do século 19. E o homem é o próximo da lista.
O objetivo da experiência era obter células-tronco embrionárias, matrizes capazes de se transformar em qualquer célula do corpo. A partir dessas células indiferenciadas, os cientistas esperam, um dia, criar tecidos e órgãos humanos para transplante. Gerado a partir de clonagem do próprio paciente, o tecido transplantado não sofreria rejeição do sistema imunológico. mesmo diante de tão bons propósitos, as reações são contundentes.É bem verdade que os clones estão entre nós há muito tempo. Clone é uma palavra que vem do grego klon , que significa broto vegetal. Foi criada para denominar indivíduos que se originam de outros por reprodução assexuada, bastante comum entre vegetais.

É, também, o que a natureza faz ao criar gêmeos univitelinos, seres que compartilham do mesmo DNA, ou seja, do mesmo código genético. Também não é de hoje que o homem tenta reproduzir esse curioso fenômeno da natureza. No longínquo ano de 1894, um zoólogo alemão chamado Hans Dreisch conseguiu fazer a primeira clonagem de animais. Ele trabalhou com ouriços-do-mar, que foram escolhidos por terem grandes células embrionárias. Hans pegou um embrião de duas células e o sacudiu dentro de um béquer cheio de água do mar até que as células se separaram. Cada uma cresceu independente da outra, resultando em dois ouriços adultos.

Depois do nascimento de Dolly, em julho de 1997, percebeu-se que a ovelha envelheceu de forma precoce e que ofegava muito. Sem contar que para dar certo o clone Dolly, vários fetos morreram. E se fosse um bebê? Como seria tratado?

Com base na lei 8974/95 de Biossegurança, a CTNBio proíbe "a manipulação genética de células germinais humanas" e "a intervenção em material genético humano in vivo , exceto para o tratamento de defeitos genéticos, respeitando-se princípios éticos tais como o da autonomia (respeito à vontade e aos valores do paciente) e o de beneficência (tendo em vista o bem do paciente). A UNESCO é a responsável pela missão da proibição ou não da clonagem humana.
Os laboratórios vão enveredando no campo da clonagem terapêutica, ou seja, o uso das técnicas de transferência nuclear com o objetivo de criar alternativas de tratamento a várias doenças. No Brasil já aceita esse tipo de clonagem
Recentemente, foi divulgada uma nova pesquisa que pode trazer mais lenha para a já bem aquecida fogueira da clonagem: a obtenção de células-tronco geradas a partir de óvulos infertilizados. Seria a partenogênese- um óvulo seria dividido sem ser fertilizado por espermatozóides

O sucesso dessa experiência leva o pesquisador americano Michael West, a acreditar que poderá empregá-la em óvulos humanos, obtendo um tecido embrionário que forneceria células-tronco, mas nunca se transformaria num ser humano. Assim, acha que a partenogênese resolveria o dilema ético do descarte de embriões. Pode até ser. O mais provável, porém, é que ela gere novas batalhas filosóficas e jurídicas. Afinal, nos últimos anos, a ciência está caminhando mais depressa do que nossa capacidade de discerni-la.

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